segunda-feira, 18 de agosto de 2008

MOLECAGEM - 2

Praia de Ubatumirim - anos 90


Domingo era dia de jogar futebol na praia de Ubatumirim. Tudo era combinado no jogo entre os moradores no sábado á tarde. Tínhamos que avisar vinte jogadores para aparecer dose. O jogo no Ubatumirim era normalmente as dez da manha, as nove saiam pela trilha com bola, jogo de camisa e a incerteza da vitória. Sempre com time incompleto, mas com muita disposição enfrentávamos a trilha em fila indiana revezando a bolsa com o jogo de camisas.
Ao chegar já estava montado o campo e os jogadores adversários todos vestidos distribuídos no campo a nossa espera. Era o tempo de colocar as camisas e entrar em campo após uma trilha de quase uma hora, correndo junto ao adversário. Não digo que sempre perdíamos, mas raramente ganhávamos.
O jogo terminava mais ou menos meio dia, e lá íamos de volta pela trilha justamente na hora mais critica do sol, somando-se a isso a fome e a sede.
A família do meu amigo Ricardo, maior fazedor de rabeca da região, mora até hoje no canto do Ubatumirim, justamente no caminho que leva à praia, como em toda casa de caiçara tem vários tipos de plantações, dentre elas vários pés de côco. Os cachos quase se encostavam ao chão de tão baixo que ficavam.
Os jogadores morrendo de sede, passavam sem olhar para a casa e muito menos para os pés de coco mas já estava tudo combinado, desta vez vamos conseguir roubar os cocos. Ficávamos escondidos atrás de uma pedra á beira do caminho esperando a melhor oportunidade. Num silencio absoluto, atacávamos os pés de coco. Antes de colocar as mãos nos cocos, uma voz rouca e calma saia de dentro de casa. “ SE QUISER PEDE QUE NOS DAMOS”. Era uma correria geral, e muito engraçado. Hoje ao olhar para o Itamar, filho do seu Ricardo, sinto vergonha daquelas molecagens. Qualquer dia eu conto essa historia para ver se ele lembra.

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