quarta-feira, 9 de julho de 2008

O MAR É PARA RESPEITAR

Quando adolescente meu esporte favorito era o surfe. Praticava quase todos os dias. E tinha um lema. Toda vez que eu fosse até a Praia Brava, tinha que entrar na água e pegar pelo menos uma onda.
Acordei cedo, fui á praia e vi que o mar estava gigante. Pensei, se aqui esta gigante imagine na Praia Brava. Sem medo muito menos respeito, peguei prancha, camiseta e chinelo e segui a trilha em direção á praia.
Realmente o mar estava gigante, maior que eu imaginava. Pela primeira vez na vida fiquei com medo. As ondas chegavam a esconder as ilhas das Couves e Comprida, as duas ficam a aproximadamente quatro quilômetros da Praia Brava.
O dia estava chuvoso, não tinha uma alma viva na praia. Nem mesmo meu cachorro acompanhou-me nesse dia. Sentei na areia molhada e por um momento pensei em desistir. Mas tinha a minha promessa.
Entrei, com muito medo. A ondulação aumentou, mesmo assim consegui passar a arrebentação. Todo momento tinha que remar além da arrebentação, as ondas continuavam aumentando, parece que estava esperando eu entrar para aumentar ainda mais. Estava muito longe da praia, alem da ponta da Praia Brava.
Estava ficando desesperado, sem ter como sair dali.
Esperei o momento certo. Uma serie menor estava entrando e vi o momento de sair. Uma onda menor vinha em minha direção, não tinha direito de errar. Virei á prancha e remei. Remei como nunca havia remado antes, e perdi. Ao olhar para fora, lá vinham elas ao meu encontro. Eram grandes, uma serie com três.
Comecei a remar, meus braços começaram doer, um enjôo tomou conta do meu corpo. Acho que quando estamos perto da morte sentimos enjôo. A única opção era enfrentar. A primeira e a segunda consegui passar, já a terceira me pegou cansado e quebrou dois metros a minha frente. Achei que fosse morrer, fiquei muito tempo sem respirar, engoli muita água. Quando percebi estava a menos de cinco metros da areia, a prancha eu encontrei quando já estava sentado na praia, completamente zonzo.
Só nesse momento percebi que o mar não é pra desafiar e sim para respeitar.
Nos outros dias ao perceber as más condições do mar, colocava a prancha embaixo do braço e fazia o caminho de volta. Sentava no sofá de casa e assistia o He-Man.

Nenhum comentário: