sexta-feira, 31 de outubro de 2008

DIA DO PEIXE

Praia da Almada - anos 90

Pescar tainha é a coisa que pescador artesanal mais gosta. É um desespero na praia quando os cardumes aparecem na baia. Quem está com o equipamento pronto sai na frente, quem não esta, apronta num minuto as redes, canoas, remos, companheiro, poita. Esta dada a largada atrás das cobiçadas pançudas, como são chamadas pelos caiçaras.
Já saí varias vezes para pescar tainha, mas esse não era dia do pescador. Saímos em duas canoas. Numa estava Seu Bié, um dos pescadores mais experientes da Almada que hoje mora na cidade e não pesca mais. Com ele seu fiel companheiro Carlinhos. Na outra eu e o Edinho, muita vontade de pescar e pouca experiência.
Ao chegar á baia, juntamos as canoas e as redes. Ficamos atentos para ver os pulos das tainhas. Não demorou mais que cinco minutos, um cardume se aproximou com sucessivos pulos. O silencio foi geral, a ordem para abrir a rede pertencia a Seu Bié. Ele esperou o momento exato e gritou cerca!
As canoas soltam as redes fazendo um cerco, indo uma de encontro á outra. Seu bié estava quase acabando e nós não saíamos do lugar. Os braços estavam doloridos, a canoa continuava cheia de redes, e continuávamos. Até que Seu Bié de longe gritou dizendo que as redes estavam presas na popa da canoa.
Tarde demais. Um cardume com mais de cinqüenta tainhas passou a nossa frente. Só olhamos e morrendo de vergonha fomos ao encontro do experiente pescador. Seu Bié não ficou zangado, até ficamos mais um pouco a fim de encontrar outro cardume, mas realmente não era dia do pescador.

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